sábado, 2 de outubro de 2010

Num ônibus na Ceilândia

Estava eu num ônibos lotado, lá pelos lados da Ceilândia, quando um velho idoso caiu no chão após uma freada brusca. A maioria das pessoas no ônibus se levantaram para socorrer o pobre homem. O velho pareceu ter se machucado seriamente. Um homem, então sacou um celular e disse: "Pra quem eu ligo, para ajudar o senhor."
O velho olhou aquele homem com um sorriso no rosto e disse com um sotaque meio italiano: "Não precisa ligar, não tenho ninguém, meu filho, e também não me machuquei." Triste, o velho olhou a todos como quem quer contar-lhes um causo. Uma mulher, mais distânte, perguntou o que havia acontecido.

O velho encarou-a e começou a narrar. "Minha filha, eu já fui um homem muito rico lá de onde vim. Mas eu cometi um erro tolo, me apaixonando por quem não deveia..." Um outro interrompeu; "Ah! Então o senhor já foi um Romeu da vida?"
"Nunca, longe disso! Minha amada não era de uma família rival ou coisa do gênero. Na verdade eu nem sabia quem ela era quando me casei..."
Outra interrompeu: "Se casaram?". "Sim, minha senhora," continuou "E foi deslumbrante. Lá a gente sempre celebra o casamento de forma bem alegre." 
"Mas o que houve pro senhor perder tudo? Ela levou?" interrompi. 
 "Não! Nunca! Ela me foi a mulher mais honesta que eu poderia querer. Um dia descobri que ela tinha sérias dívidas com a máfia. Minha família nunca me perdoou por isso, afinal, quem quer um marido de uma ladra?"
"Eu tive um filho com ela nesse meio tempo, sabe? Mas minha família tirou ele de mim. Um dia, enquanto eu durmia, os mafiosos levaram ela de casa, e nunca mais a vi. Daí, sem a proteção da minha família, eu vim pra cá nos anos 1970" disse ele, sempre com um sorriso no rosto.
Naquele momento eu lembrei muito do meu avô,  vivia contando histórias sobre a máfia. Não são múltiplas e interessantes as histórias que nossa cidade pode contar?"

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